Será que essa química deu certo?
Não é de hoje que a Pixar tem sido conhecida por entregar filmes grandiosos, repletos de temáticas criativas, fórmulas inovadoras e uma qualidade estética excepcional. No entanto, é inegável que nos últimos anos, especialmente após a pandemia, houve uma diminuição na qualidade de suas produções, levando a indústria a tentar recuperar o tempo perdido. Essa tentativa pode ser vista em “Lightyear”. Com um orçamento estimado em US$ 200 milhões, o filme arrecadou apenas US$ 70 milhões em seu primeiro final de semana nos Estados Unidos, o que pode ser considerado um resultado relativamente baixo para uma estreia. A Pixar esperava que com “Elementos” as coisas fossem um pouco diferentes. Tive a oportunidade de assistir a “Elementos” e gostaria de compartilhar algumas possíveis razões para o sucesso, ou falta dele, desta nova aventura do estúdio.
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Sinopse do Filme
“Elementos” é um filme de animação que se passa na inusitada Cidade Elemento, onde os quatro elementos da natureza – ar, terra, fogo e água – vivem em “harmonia”. Na história, somos apresentados a Faísca (fogo, dublada por Leah Lewis), uma jovem adulta espirituosa, com um bom senso de humor e apaixonada por sua família, embora tenha um temperamento um pouco quente. Gota (água, dublado por Mamoudou Athie), por sua vez, é um jovem emocionalmente intrigante, observador e extrovertido, que não tem medo de expressar seus sentimentos. No entanto, tudo muda quando, devido a um acidente inesperado, os dois se encontram e acabam se apaixonando.
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Padrão Pixar
Desde a ascensão de “Toy Story”, fica evidente que a Pixar possui um cuidado especial em suas produções, proporcionando uma abordagem única na contação de boas histórias. Seu diferencial vai além da estética bem-feita ou da magia que envolve suas obras; é também a forma como as histórias são contadas. Eles conseguem dar vida ao inanimado, animando o que parecia não ter vida.
Em “Elementos”, fogo, terra, ar e água são animados de uma forma um pouco mais simplória do que estamos acostumados com a Pixar. Já vimos essa abordagem em “Soul”, quando representaram as almas com poucos detalhes estéticos. A simplicidade visual desses personagens foi o que os torna críveis dentro do contexto do filme, principalmente em contraste com outros personagens que possuíam roupas, cabelos e peles extremamente detalhados.
Em “Elementos”, há alguns detalhes estéticos, mas eles brilham na sua simplicidade. Qualquer criança poderia desenhar facilmente a “Faísca” e o “Gota”, por exemplo. Optaram por deixar a complexidade gráfica para os cenários e para alguns personagens menos explorados. Foi uma escolha acertada, levando em consideração que o público principal é composto por crianças.
Porém, será que essa escolha pela simplicidade estética dos personagens principais foi a melhor opção? Sabemos que a Pixar já estabeleceu um padrão esperado de qualidade. O filme é lindo e muito divertido, mas, para um filme da Pixar, esperava-se um cuidado maior nos detalhes estéticos e, principalmente, na narrativa e inventividade. Não posso negar que é visualmente encantador e cheio de bons detalhes. Mas senti como se estivesse faltando algo, sabe? Faltou um pouco mais de profundidade em “Elementos”.
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Mais uma História Inovadora
Eu, pessoalmente, nunca havia visto uma comédia romântica na Pixar antes. Tivemos breves introduções de histórias de amor em filmes como “Up: Altas Aventuras” e algumas cenas em “Os Incríveis”, mas nenhuma dessas histórias era exclusivamente focada em um romance. A trama principal desses filmes envolvia aventuras emocionantes ou o combate a vilões.
Em “Elementos”, temos uma típica comédia romântica, no estilo de Romeu e Julieta. Os opostos se atraem e tentam construir suas histórias apesar das diferenças. Embora essa trama romântica possa ser previsível em certos aspectos, ela nunca perde sua graça. O interesse está em descobrir como as coisas vão acontecer, não se vão acontecer.
Existe uma subtrama sobre imigração e preconceito que ocupa bastante espaço na história, mas que não recebe um aprofundamento ou reflexão maior além do superficial. Acredito que o diretor poderia ter dedicado mais tempo a esses detalhes, pois são temas interessantes que não haviam sido explorados dessa forma no estúdio antes. Poderiam ter acrescentado mais identidade a essa parte, mas optaram por dar mais destaque ao romance.
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Personagens icônicos
Todos os personagens são excelentes em suas composições. Gosto da forma como são apresentados e da humanização que cada um recebe, com suas características específicas. Apesar da sensação de familiaridade, a química entre Faísca e Gota é genuína. Essa conexão cresce gradualmente, superando as diferenças iniciais entre os elementos e evoluindo para uma compreensão mútua e complementaridade.
Os outros personagens também têm seu destaque, com diálogos interessantes e movimentações cativantes na história, porém, eles não possuem arcos individuais ou um desenvolvimento além dos personagens principais. Eles servem mais como suporte, trazendo suas próprias histórias. Essa escolha não prejudica o desenvolvimento do filme, mas existem personagens interessantes que poderiam ter mais destaque e serem melhor explorados. Esperávamos ver um filme sobre todos os elementos, e não apenas sobre o fogo e a água.
Fator emocional
Uma coisa que é certa em todos os filmes da pixar é que eles são emocionantes. Isso é inegável. Aqui em “Elementos” não seria diferente. A relação de Faísca com seu pai e todo o seu drama temperamental é bonita, mas o que realmente emociona e traz uma identificação é o amor entre ela e Gota. Eles como já dito, é realmente previsível pois este filme carrega todos os estereótipos de uma comédia romântica (se odeiam no início, passam a se gostar, ajudam um ao outro, vivem momentos inesquecíveis, se decepcionam e finalmente se unem novamente naquele discurso emocionante que um dos personagens faz.), nada de novo aqui, mas os diálogos e os momentos que o diretor escolhe para trazer esses clichês a tona, foram bem feitos.
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Gosto também da trilha sonora que traz vivacidade e ajuda os elementos do filme funcionarem e conduzir a trama pra frente. Ela não é jogada nem aleatória. Foi bem feita e gera uma identidade ao longa, além de contribuir na emoção do espectador.
No terceiro ato temos um bom desfecho trazendo realmente emoção. Eu vi pessoas chorando no cinema e se emocionando bastante com a forma que o amor deles era exposto na tela. Somente a Pixar consegue fazer algo assim.
Vale o seu tempo?
“Elementos” não é o melhor filme da Pixar mas está a frente de Indiana Jones nas bilheterias do cinema mundialmente. Parece que o estúdio está se reerguendo. A história, embora clichê e previsível, traz uma emocionante trama de amor e com uma pequena dose de aventura que te deixa realmente contente em assistir. Vale a pena assistir no cinema por conta de toda a beleza estética que só a grande tela do cinema pode proporcionar. Vale o seu tempo!
Este texto é uma cortesia da Cine Araújo, um cinema que me proporcionou a oportunidade de assistir a “Elementos”. Fui muito bem tratado, obtendo um ótimo lugar em uma sala espaçosa, e desfrutei de uma deliciosa pipoca. A exibição ocorreu no cinema localizado no Shopping Jardim Guadalupe, no Rio de Janeiro. Certamente, valeu o meu tempo.
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Sensacional, depois dessa leitura estou super animado para ver esse filme!
Adorei a análise que fez sobre o filme, é um filme lea toda família, chorei e tudo haha!
Perfeito entendimento sobre o filme!
Dá até vontade de assistir
Sensacional ter o gostinho detalhado sobre o filme, bateu até aquela vontade de assitir !!